domingo, 16 de outubro de 2011

O que é a morte?

Que difícil é para um tímido expressar os sentimentos... Que difícil é abraçar, dar carinho à vontade, sem se perguntar mentalmente se aquela pessoa está gostando ou não. "Será que este é o momento ideal?" É difícil não se sentir "travado" algumas vezes... e aí vem a pergunta: Como eu posso querer receber carinho se eu não der primeiro? E como retribuir o carinho recebido sem "travamentos"?...

Existe alguém, um pequeno ser muito especial que existiu em minha vida durante 14 anos, os quais dediquei todo o carinho que ficava escondido dentro de mim. Um ser com o qual eu não tinha vergonha de expressar tudo o que eu sentia. Não sentia vergonha de abraçar, de "conversar", de demonstrar todo o meu amor e a minha alegria por sua presença. Um ser ao qual eu tinha completa certeza de que o carinho que eu dava era recíproco.


Há exatamente cinco semanas esse ser se foi deixando apenas um vazio não só dentro de casa, mas também em minha alma. 


Fifi. Este era seu nome (escolhido por votação entre família). O nome da minha cachorrinha da raça Border Collie. Mas eu a chamava sempre de "minha pequena". Para muitos, era apenas um animal de estimação. Para mim, parte da minha família, da minha vida. Minha prima deu ela de presente para o meu irmão, mas eu fui a primeira a vê-la e o amor foi à primeira vista. Meu irmão deixou de se interessar por ela, arranjou outro cachorro, então eu a "adotei". Apesar de não conviver dentro de casa, ela tinha sua própria casinha, que eu chamava de Mansão, por ter sido feita de tijolos... 

Como esquecer das noites em que eu a colocava para dormir?... e ela sempre esperava nem que fosse para apenas desejar-lhe uma boa noite. Essa era apenas uma das coisas que para muitos parecia ser "ridículo", mas eu não estava nem aí, eu fazia mesmo assim, afinal, pelo menos ela gostava dessas "ridiculezas". 

"Cadê minha pequena?" - era só dizer essa frase ao chegar em casa e ela já abanava o rabinho e corria cheia de felicidade...


O câncer já estava muito avançado, mas mesmo assim ela continuava animada. Um dia antes ela não conseguiu andar direito e no dia seguinte mal se movia, apenas aceitava leite. À noite fui observá-la... ela não estava mais lá... só o corpo... 

"Pra onde ela foi?" - me perguntei e me pergunto desde aquele dia. Incrível como se nota claramente que não há mais ninguém ali. Agora ela só existe em minhas lembranças.

"Por que você não compra outra parecida?" - me perguntaram. "Você substituiria  a sua mãe/pai/irmão/amigo por outro parecido?" respondi perguntando. Pode parecer besteira, afinal, para muitos ela foi apenas um animal. Mas certamente estes são os mesmos que repetem a frase "O cão é o melhor amigo do homem". Ela foi.   


Ela era a cachorra mais inteligente, mais linda, mais alegre, mais divertida, mais companheira, mais tudo.

Ela entendia que quando eu a chamava pelo nome "Fifi" era porque aí vinha coisa; significava que eu estava repreendendo-a, mas quando a chamava de "minha pequena" aí sim, podia partir pro "ataque"! Até "copiava" as manias de cada membro da família, era incrível! São essas lembranças que eu terei dela. 

"Obrigada, minha pequena! Obrigada por dar mais cor à minha vida; por me ensinar a dar e a receber carinho e amor; por me ensinar o que é ser forte mesmo quando não se tem mais forças. Você lutou até o fim. Você é o verdadeiro sinônimo de esperança. Muito, muito, muito obrigada por ter existido em minha vida!"